A Censura na vida das nações...

Bertoldo, arcebispo da cidade alemã de Mogúncia, foi a primeira autoridade que publicou um édito estabelecendo a censura de livros e outros impressos. O referido édito tem a data de 4 de janeiro de 1486, e as penas indicavam para os que se atrevessem a infringi-lo eram muito severas: confiscação da obra, excomunhão do seu autor e multa de cem florins de ouro, que passavam para o tesouro do arcebispado.

Em Espanha, os reis católicos publicaram em 8 de julho de 1502, uma pragmática no mesmo sentido, pela qual se encarregava da censura os bispos e arcebispos e se impunha como penas aqueles que transgredissem as suas disposições, a confiscação da obra, que seria queimada em público, a perda do dinheiro por ela cobrado e uma multa igual ao valor dos livros apreendidos.

A Censura fez parte integrante da História de Portugal, imperou em muitos períodos, constituiu uma arma de defesa da Igreja e do Estado e esteve sempre ativa em todas as vertentes culturais. Na imprensa periódica (onde ficou conhecida por "lápis azul") suprimia, alterava, cortava palavras, expressões ou parágrafos inteiros, adiava ou impedia a saída de notícias…

A Comissão do Livro Negro do Fascismo afirmou, em 1984, que foram proibidas cerca de 3300 obras. Escondidos e vendidos apenas a clientes de confiança, em determinadas livrarias era possível adquirir os livros proibidos, numa espécie de jogo do polícia e ladrão. Só a Revolução de abril de 1974 pôs fim à Censura em Portugal.

João Vieira






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