A minha reconfortante e bela paisagem…

De indescritível encanto é esta paisagem onde nasci. Por vezes anseio em me afastar dela, com o pretexto de, dela ausente, - como os noivos que se amam e ainda mais se querem amar, procurando o 'desconvívio' momentâneo ao redobrarem sentimentos – sentir intensa uma saudade que faz bem, que refrigera esta admiração.

No que vejo em minha frente encontro suavidade, cor, sublimidade, atração. O verde matizado dos campos, os montes cobertos de pinheiros, onde as gestas floridas espreitam curiosas e como querendo dar sinais de si; o mar e o céu azuis.

Um crepúsculo à beira-mar, que nos adormece a razão, o astro-rei por entre as montanhas, parecendo que se despede muito junto a nós; gentis camponesas, de corpos esguios e de rostos atraentes pela sua saudável mocidade.

Tantas coisas que nos convidam a pegar num pincel e nas aguarelas, para deixar à posteridade tudo aquilo que os olhos, já cansados pela idade, conseguem enxergar.

Fontes sonoras, regatos e ribeiros rumorejantes, serras altivas onde reina a solidão, que nos tentam convencer de que para além delas nada mais existe.

João Vieira




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