As nossas recordações...

As reminiscências do coração, quer aquelas que se apagam mais depressa como uma bruma ligeira, que se dissipa à medida que o dia avança; quer as que ficam em nós indeléveis, como os vestígios serenos ou brutais de uma gota de água constante ou uma torrente violenta deixados numa pedra.

Cada um de nós tem a sua maneira especial de se recordar. Mas lembremo-nos que devemos ser senhores dessa nossa faculdade como de todas as outras que possuímos. Os nossos amores, amizades, ódios e rancores vão passando por nós, sem sabermos o que conservar deles.

Guardemos, então, intacto tudo quanto é belo, tudo quanto sentimos de entusiasta, de grande, de doce, de puro. É esse um tesouro que coisa alguma nos poderá roubar, um capital do qual poderemos tirar sempre este juro: uma recordação luminosa, reconfortante, muitas vezes mesmo, uma consolação.

João Vieira





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