Nostalgia...

A chuva açoitava os vidros das janelas e tamanho era o barulho do mar, despenhando-se contra as rochas que, em muitas noites, não conseguia dormir. A princípio, naquela casa nova, julguei enlouquecer tal o ambiente, então quase desconhecido para mim.

Mas, passado algum tempo, veio o milagre que tudo transformou. O horror dessas noites sonantes, de aversão, tornaram-se gosto, prazer. Os detestados meses ficaram sendo os melhores do ano.

Todos sabemos que só o amor enche de rosas os silvados, cria oásis no deserto… Subitamente, com pezinhos de lã, como ele chega tantas vezes, apoderou-se de todo o meu coração, tornou-se aquele sonho lindo, que a gente sonha a dormir e, muitas vezes, também acordado.

Passei a viver com o mar e para o mar, ouvindo só a voz das ondas em suaves e mansas canções. Perdi o medo aos precipícios que ladeavam as veredas. Tudo o mar me deu, até o que estava longe e o que ficava para trás, no domínio da nostalgia.

João Vieira

(Autorizo a publicação e uso do texto, com a autoria)

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