A discussão e o amor-próprio
Tem-se citado factos de um orador ter arrebatado e levado atrás de si um auditório. Não só as discussões políticas, mas as discussões científicas ou filosóficas, e até as discussões teológicas, não estão isentas de violências físicas. Os então escandalosos debates do Concílio do Vaticano foram a melhor justificação do dogma da Infalibilidade Pontifícia.
Todos sabem como as discussões domésticas têm auxiliado poderosamente a indústria da porcelana, e é natural que os fabricantes de louça sejam inimigos irreconciliáveis da instituição do divórcio, como os marceneiros são provavelmente os mais ardentes partidários de alguns regimes parlamentares…
A discussão não é só inútil, é contraproducente, porque nela entra, como em tudo, o amor-próprio, que é o móvel principal das ações humanas, tanto boas como más. E quem discute descobre raciocínios e argumentos nunca formulados, que fortalecem as suas opiniões.
Com ou sem razão, cada questão tem várias faces e ninguém vê mais do que uma. Da discussão, por vezes, não sai a luz e, geralmente, quando sai alguma coisa transforma-se em pancadaria.
João Vieira
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