A vontade

A inteligência pode ser vencida pela fadiga; a vontade, não. Depois de um contínuo trabalho cerebral, podemos sentir grande fadiga, porém as manifestações de vontade continuam a ocorrer em nós sem esforço e sem interrupção.

Fácil será imaginar do que é capaz a vontade, quando está ela amparada pela cólera, o medo, o desejo ou a tristeza.

A vontade tem os mesmos caracteres que Homero atribuía aos seus deuses: é autómata porque contém em si mesma o princípio de seu movimento.

Somente ela está livre de toda condição e nos impele a agir, às vezes, com exagerada presteza, e em outras com demasiada morosidade.

Ao nascer, quando ainda a inteligência está em trevas, já a vontade se afirma com o seu cego impulso.

João Vieira


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