Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... p'ra me encontrar...

Florbela Espanca


* Florbela Espanca, batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. Nasceu a 8 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa, e faleceu a 8 de dezembro de 1930, em Matosinhos.

Florbela Espanca estava muito à frente do seu tempo. Não se importava com política, não levantava nenhuma bandeira feminista, só queria viver a própria vida. Amargou injúrias da sociedade portuguesa da década de 20 por viver de igual para igual com os homens. Casou três vezes, teve seus amantes e se definiu como poeta numa época em que essa palavra só pertencia ao género masculino. 


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