Da vida... não fales nela

Da vida... não fales nela,
quando o ritmo pressentes.
Não fales nela que a mentes.

Se os teus olhos se demoram
em coisas que nada são,
se os pensamentos se enfloram
em torno delas e não
em torno de não saber
da vida... Não fales nela.

Quanto saibas de viver
nesse olhar se te congela.
E só a dança é que dança,
quando o ritmo pressentes.

Se, firme, o ritmo avança,
é dócil a vida, e mansa...
Não fales nela, que a mentes.

(Jorge de Sena)


  •  Jorge Cândido Alves Rodrigues Telles Grilo Raposo de Abreu de Sena nasceu em Lisboa, em 1919 e faleceu em Santa Barbara, Califórnia, em 1978. Foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português.

Foi um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia, além de importante epistolografia com figuras tutelares da literatura portuguesa e brasileira. A sua obra de ficção mais famosa é o romance autobiográfico Sinais de Fogo, adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha. Grande parte da sua obra foi publicada postumamente pelos cuidados da viúva, Mécia de Sena.


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