Debruçada na Janela

 

A menina debruçou na janela...
Com a ajuda da cadeira da sala.
Viu o mundo desfilar!
Brincou de boneca papai e mamãe.

A menina-moça debruçou na janela...
Viu o mundo girar.
Aquarela colorida!
Vestiu o primeiro "soutien", sentiu-se mulher.

A mocinha debruçou na janela...
Viu os sonhos dos adolescentes.
Quinze anos...

Primeiro baile, um beijo na face!
Voou pelas alturas!

Dançou a valsa do Imperador!
Percorreu os bosques de Viena!
Navegou no Danúbio Azul!


A jovem debruçou na janela...
Viu o primeiro amor.
Desfraldou o seu segredo.
Um fruto do príncipe encantado!

A mulher debruçou na janela...
Viu a juventude ficar no passado.
Um filho habitou o seu mundo.
As fantasias terminaram, sentiu-se uma plebéia.

A senhora debruçou na janela...
Viu o mundo desabar.
Conversou com Jesus.
Confortou-se na religião.

Da cadeira de balanço da sala de estar.
Repassou toda sua vida.
Viu a janela se fechar.
Serraram-se as cortinas.
E a sua luz se apagou. 

​aa)Antonio Vendramini Neto​

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