Recomeçar

Se me perguntassem o meu maior arrependimento da vida eu diria: ter insistido no inviável. E se não tivesse insistido no inviável e ainda assim me perguntassem o meu maior arrependimento, eu diria: ter desistido. Colocando na balança as consequências dessas duas escolhas paradoxais, percebi que desistir sem tentar é sempre mais penoso do que insistir.

A sensação de fazer o que esteve ao seu alcance, por mais que hoje cause alguns arrependimentos, nunca seria igual a de nunca ter tentado. Mas tem um detalhe: no decorrer destas tentativas, às vezes será preciso admitir que chegou o momento de desistir. Desistir para começar outra vez. Algumas desistências nos orientam.

Eis a grande dinâmica da vida: pessoas chegam, pessoas saem e no meio desse entra-e-sai algumas permanecem. Têm aquelas que não permanecem, mas que deixam lembranças, lembranças que nem o tempo apaga. Ficam ali, guardadas em algum lugar dentro de nós, fazendo parte dos nossos melhores e também piores momentos.

Existem pessoas que eu gostaria de lembrar para sempre. Outras que eu gostaria que nunca tivessem cruzado o meu caminho. E ainda outras que me fizeram desistir. Existem algumas lembranças que eu amo ter. Outras que eu já me esforcei muito para apagar. Mas não tem jeito. A gente carrega mesmo o que vive. E vai adaptando-se a essa coleção de experiências.

Gustavo Omena

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