Ad Majorem Dei Gloriam


  



Eugénio de Sá



Sonhei um dia ser Cavaleiro Cruzado
Navegando no mar Mediterrâneo
Deixando para trás a epopeia
E o sepulcro de Cristo bem guardado

 

Godofredo Bulhão o chefe bem-amado 
Qual campeão de Deus, vitorioso
Rei de um Jerusalém esplendoroso
E o infiel a seus pés, já dominado

Desse medonho embate memórias guardo vivas
Do bravo resfolgar dos corcéis de batalha
Ao cruzar das espadas no assalto da armada
E os prenúncios de morte em armaduras fendidas


Cingida ao peito tinha a Santa Cruz
E a protegê-la malha e armadura
Contra elas chocaram setas e a metralha
E cimitarras mouras chispando como luz

Já o elmo caíra a golpes de machado
E o punhal sarraceno descia vingador
Quando ferido e sem força que dominasse a dor
Vi de uma só lançada o mouro trespassado


Senti que Ele me guiava naquele dia em Seu preito
Cristo estava comigo na contenda
Ditando a minha sorte nessa manhã tremenda
E a Sua cruz, incólume, pendia-me do peito

Jerusalém ardia plas muralhas abertas
Nos gemidos dos feridos esbatia-se o fragor
Da vitória por Cristo dos mortos por amor
Drapejavam bandeiras nas ameias desertas


Da costa de Israel já não vejo o recorte
A barca segue lesta com a brisa a soprar
E os cavaleiros cansados de tanto pelejar
Encostam-se à amurada que lhes ampara o porte


Acordo desse sonho mas não perco registo 
Dos defensores da fé; bravura e a glória
E a nobreza com que eles souberam conquistar a história
A golpes de montante; os Cavaleiros de Cristo.



Para maior glória de Deus

 



( Evocação da tomada de Jerusalém em 1099, durante a primeira cruzada )





Edição de:


Eugénio de Sá
Dez.2007

  

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