As palavras que falam do Tempo
No dia-a-dia, o tempo mede-se em horas, minutos e segundos nos mostradores dos nossos relógios. O curso das nossas vidas pauta-se em semanas, meses, anos e raramente vai além do século. Séculos e milénios escalonam o tempo da História com base em documentos escritos e outros, desde as tabuletas de argila pictografadas pelos sumérios, a meados do quarto milénio aC, à escrita impressa, após Guttenberg, no século XV, passando pelos papiros e pergaminhos da Antiguidade e pelos manuscritos medievais. Na Pré-história da humanidade a cronologia assenta, sobretudo, em vestígios ósseos (humanos e outros), em artefactos líticos e cerâmica, em datações através do isótopo 14 do carbono e fala-se de milhares e, nalguns casos, de milhões de anos. Se nos lembrarmos que um milhão de anos equivale a dez mil séculos, damo-nos conta de como são ínfimos os tempos da humanidade.
A escala do tempo dilata-se ao historiarmos o passado geológico e ainda mais se recuarmos aos começos da Terra e do Universo, onde os milhares de milhões de anos marcam as etapas percorridas com uma imprecisão que se esfuma nessa eternidade. Mil milhões de anos a mais ou a menos, nos primórdios da matéria representam o mesmo grau de indefinição do milhão a mais ou a menos no tempo das trilobites ou do dos dinossáurios, do mais ou menos um ano na história dos Faraós, ou do mais dia menos dia, mais minuto, menos minuto no curso das nossas vidas. Da Geologia à Pré-história e à História, bem como do ontem ao agora, a escala do tempo encurta-se à medida que se vai precisando o ano, o dia, a hora, o minuto, o segundo. (…)
António Galopim de Carvalho, professor universitário português
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