Encantamento
Quantas vezes, ficava a olhar, a olhar
A tua doce e angelica figura,
Esquecido, embebido num luar,
Num enlevo perfeito e graça pura!
E à força de sorrir, de me encantar,
Diante de ti, mimosa criatura,
Suavemente sentia-me apagar...
E eu era sombra apenas e ternura.
Que inocência! Que aurora! Que alegria!
Tua figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,
E até meu próprio espirito cantava!
Nessas horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!
Teixeira de Pascoaes, poeta português
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