SOMOS TODOS IRMÃOS

Em França, nas décadas anteriores à Revolução Francesa, Jean Calas, um comerciante protestante da cidade de Toulouse, foi acusado de assassinar o filho, que queria converter-se ao catolicismo. A sentença foi a pena de morte, e a execução - no suplício da roda, sob tortura – ocorreu em 1762. Voltaire, de seu nome François Marie Arouet, convencido da inocência do condenado, denunciou a injustiça e escreveu «Tratado sobre a tolerância», texto com o qual iniciou uma campanha para sua reabilitação. O caso ganhou proporções enormes, transformando-se numa triste metáfora dos conflitos religiosos que há séculos grassavam no país. Graças à repercussão deste libelo, em 1765, Jean Calas foi postumamente inocentado.

No "Tratado sobre a Tolerância", escrito mais de setenta anos após a "Carta acerca da Tolerância", de John Locke, Voltaire trata do caso Calas, um exemplo cruel de intolerância religiosa. Contra esse crime, Voltaire escreve o "Tratado sobre a Tolerância", que é um libelo contra todos os crimes de intolerância. Nele, Voltaire escreve: "Não é preciso uma grande arte, uma eloquência rebuscada, para provar que os cristãos devem tolerar uns aos outros. Eu vou mais longe: eu vos digo que é preciso olhar todos os homens como os nossos irmãos. O quê!? Meu irmão, o turco? Meu irmão, o chinês? O judeu? O siamês? Sim, sem dúvida. Não somos todos filhos do mesmo pai e criaturas do mesmo Deus?"

ANI


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